sexta-feira, 30 de novembro de 2012

PALAVRA INCONTIDA

















Toda palavra cabe no verso,
mas nem sempre no papel.
Às vezes excede a ideia,
explode e se se expande, pensamento meu.

Não cabe também no sonho
que um dia o poeta sonhou.
Movê-la entre os dedos, quem sabe?
Detê-la na imaginação...

Toda palavra cabe em meu sonho,
mas na lembrança não cabe não.
Pensar o poema, senti-lo pulsar.
Palavra incontida, sem solo, nem ar.

Fabiana Gusmão

PARALELO

















Sou o que na vida transborda
E por ela transita languidamente
Alheio a hora, ao destino ou dor
Trapos por vestes, olho por dente

Não concebo em teu seio nenhum alento
Nem teu sorriso morno concretiza o ser
Nada do que dizes ecoa entre os loucos
Só o que não vives é o que te faz morrer

Mas enterneço ante a tua fantasia
Das tuas ilusões, dos teus frívolos dias
E de resto te digo ternura não basta
Faz-me rir, com palavras vazias

Então, deixa-me passar pela vida,
 sendo eu tão sedento em ser
E deixo-te morrer simplesmente, 
no silêncio, sem nada dizer.

Fabiana Gusmão, 30 de novembro de 2011