quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

DEGREDO


Enfim posso ver-te agora,
Vieste uma única vez.
Senhora, luz desse olhar sombrio,
Alegra-me fitar tua tez.

Longe de ti conheci o degredo,
Sem teu afago o mundo devora.
Senhora, que meu sono embala,
Consola-me o peito que chora.

Ouço um canto entre vozes,
Um canto gritado e gemido.
Que não se escuta, por isso:
Senhora, dá-me o teu ouvido.

Perdi-me entre minhas dores,
No peito tamanha ferida;
Resgata-me só um instante,
Senhora, dona da vida!

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

POEMA PENSADO

























Pensando em escrever um poema
sem limite no tempo, sem hora;
um poema sem rumo e sem vestes,
que não chegue, nem vá embora.

Que seja infinito, o poema!
Que se funda em azuis, céu e mar;
que profane o branco papel;
um poema que saiba gritar!

Pensando em escrever o poema
E pensando... pensando...
Me fui.





quinta-feira, 7 de setembro de 2017

AMAR (sob encomenda)
















Amar... e o amor, todavia,
Repentinamente se enamora;
No outro instante, vai embora...
Amar um instante, talvez um dia.

Amar... e o amor em um segundo:
Tinge toda a monocromia;
Faz o escuro virar dia.
Amar, e assim mover o mundo...

Amar... e o amor se faz remédio:
Faz da metade um inteiro;
Faz o sol sorrir, faceiro.
Amar, e no amor não há mais tédio.

Amar... e o amor, que coisa boa:
Traz o viço, a alegria;
Traz a paz, a harmonia.
Amar, sobretudo a primeira pessoa.

Amar... só hoje, e eternamente:
Amar do nascente ao poente;
Amar todo dia, toda hora;
Amar até a saudade de agora.


quarta-feira, 29 de março de 2017

INVERSO DA METADE

O inverso é o que tenho de sóbrio
Nele reconheço o que é teu
Nele, todo o devaneio
Nele, nada é meu.

E, de fato, toda a filosofia
De ser algo que de algo é metade
Faz dessa imensa agonia
A única verdade por trás da verdade:

Metade de mim é o reverso do teu verso.
A outra metade, teu direito e teu avesso.
O que sobra de meu, é quase nada.
E o inverso...


Fabiana Gusmão, em 29 de março de 2017.
Imagem do Google

SINA

Tela do artista Romeu Ferreira de, Vitória da Conquista - BA
O povo,
o brado,
ensina.

A seca,
a fome,
a sina.

A cuia,
o nada,
e só.

A corda
vazia,
um nó.

O chão,
rachado,
vermelho.

O rosto,
vincado
no espelho.

O caminho,
a fuga,
o pó.

A história
ceifada,
que dó!

Fabiana Gusmão, 26 de março de 2017.







A DOR


A dor do amor
é a saudade

A dor do riso
é o choro.

A dor do grito
é o silêncio.

A dor do tempo
é o relógio.

A dor da ferida
é o remédio.

A dor da esperança
é o desespero.

A dor da vida
é a morte.

A morte...

Precoce e impiedosa!
Ninguém viu que chegava...
Carregou pelas mãos,
Quem à mão carregava...

Fabiana Gusmão Rocha, em 28 de março de 2017.


 
Imagem do Google

SOBRE CRIAR


domingo, 26 de fevereiro de 2017

LEMBRAR-TE

Imagem retirada do Google
Sobre o poema: Uma homenagem póstuma.














Lembrar-te
É uma alegria inquietante.
Lembrar-te
É ter o mundo e nada ter.
Lembrar-te
É uma heresia alucinante.
Lembrar-te
É contemplar sem ver.
É como fosse viva, eternamente...
Lembrar-te
É não morrer!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A FACE

Imagem copiada do Google.Famandicaindica.blogspot.com














Vês uma face camuflada,
uma face sem rosto,
mascarada.

E o que vês é de fato
o oposto
do gosto, do riso, da vida.

Que esconde por trás
a ferida,
que o tempo já não desfaz.

Fabiana Gusmão

POEMA EM SEGREDO

Foto e arte, Fabiana Gusmão Rocha.

sábado, 4 de fevereiro de 2017




















INVENCIONICES

Todo artista é, por si só,
Um inventor.
Inventa que é vento, 
Que acaricia a amada.
Inventa uma centelha,
Iluminando a enseada.
Inventa que é flor,
Beijando um colibri.
Inventa que é amor,
O amor que nunca vi.
Inventa no que é feio,
A fina formosura.
Inventa no insosso,
O néctar e a doçura.
Inventa na palavra,
O verbo que sustenta.
Inventa no silêncio,
A canção que orienta.
E, então, cansado de ser só
Um inveterado invencionista,
Inventa o 'Pater Noster',
o 'Credo in Cruce', a Ave Maria.
Inventa a si mesmo
E a própria alegria. 

Fabiana Gusmão Rocha