sábado, 11 de dezembro de 2021

DEZEMBRO


 















Lá fora chove 

e agora é dezembro...

dezembro do menino desaparecido,

fustigado,

do mundo ceifado,

da própria história apagado,

dezembro da mãe que chora,

do olhar que se demora

na cruz vazia.

Dezembro dos homens 

de liberdade assombrada,

de almas maculadas,

de punhos de aço,

de olhar distorcido,

com o julgo na cintura

e a sentença nas mãos…

É dezembro e ela espera o menino.

E mais uma vez ele não volta.

E mais uma vez ela grita.

E mais uma vez a revolta:


- Por que ele nunca se foi?


É dezembro, e daí?

O Natal começa a surgir nas vitrines das lojas,

nas prateleiras dos mercados,

nas varandas iluminadas.

É dezembro e perecemos,

entregues às nossas ilusões.


Fabiana Rocha, 10 de dezembro de 2021.





Nenhum comentário:

Postar um comentário