segunda-feira, 26 de abril de 2021

O POEMA E A ETERNIDADE (Fabricação de milagres)














Que mágoa pode alguém ter do poema

que não seja dessa perenidade transgressora?

Pela vida passa sempre e em todo o tempo

o mesmo viço das horas do nascimento.


E nasceu na primavera.

Colorido como as flores do campo,

alegre como pirilampos em festa

nos verdes prados enluarados.


Nele, a criança brinca.

Nele, o ancião repousa.

Nele, a eternidade habita.


Não inveje o poeta a sua arte,

pela triste sina de ser mortal.

Enleve a ode, o canto, a palavra;

até que se extinga no verbo, ao final.


Fabiana Rocha, 07/04/2021.

Baseado no poema "Inundar de Infância", de Mia Couto.




 

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