Que mágoa pode alguém ter do poema
que não seja dessa perenidade transgressora?
Pela vida passa sempre e em todo o tempo
o mesmo viço das horas do nascimento.
E nasceu na primavera.
Colorido como as flores do campo,
alegre como pirilampos em festa
nos verdes prados enluarados.
Nele, a criança brinca.
Nele, o ancião repousa.
Nele, a eternidade habita.
Não inveje o poeta a sua arte,
pela triste sina de ser mortal.
Enleve a ode, o canto, a palavra;
até que se extinga no verbo, ao final.
Fabiana Rocha, 07/04/2021.
Baseado no poema "Inundar de Infância", de Mia Couto.
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