segunda-feira, 15 de novembro de 2021

CIVILIZAÇÃO


Era uma rua sem beira,
sem asfalto

nem terra

sem calçada

e descalça

era uma rua sem chão.

Era uma estrada erma 

sem ida

nem volta

sem encosta

e na via oposta

era estrada na contramão.

Era um caminho sem sombras

sem guarida

nem adorno

sem sereno

e na verdade

era um caminho sem direção.

Nesse lugar:

pássaros engaiolados,

poetas amordaçados,

pessoas esfomeadas,

almas atormentadas,

e o torpor das redes sociais.

Nesse lugar,

não se pisa sem ter trincado:

o pé,

o solado,

o pneu recapado,

as patas receosas,

a cabeça,

o coração...

Nessa rua,

sem urbanidade,

tudo cheira a civilização.


Fabiana Rocha,

21/10/2021.

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