Era uma rua sem beira,
sem asfalto
nem terra
sem calçada
e descalça
era uma rua sem chão.
Era uma estrada erma
sem ida
nem volta
sem encosta
e na via oposta
era estrada na contramão.
Era um caminho sem sombras
sem guarida
nem adorno
sem sereno
e na verdade
era um caminho sem direção.
Nesse lugar:
pássaros engaiolados,
poetas amordaçados,
pessoas esfomeadas,
almas atormentadas,
e o torpor das redes sociais.
Nesse lugar,
não se pisa sem ter trincado:
o pé,
o solado,
o pneu recapado,
as patas receosas,
a cabeça,
o coração...
Nessa rua,
sem urbanidade,
tudo cheira a civilização.
Fabiana Rocha,
21/10/2021.
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