A lua teimosa no céu matutino,
delírio de
um solitário transeunte,
protagonista
do seu próprio sonho,
dança e
balbucia sons inaudíveis,
palavras
esquecidas no léxico bolorento,
desconexo
texto sem idioma.
Ninguém o vê
em seu posto,
guardador fiel
de suas quimeras...
A calçada é
dura.
O inverno
treme.
O vento inventa
o açoite:
enrijece os
músculos,
os cílios,
os dentes,
a voz.
O louco, da
calçada sorri
a um
bem-te-vi forasteiro
que canta a
canção dos degredados
e zomba da desumana sorte
de ser só em
meio a humanidade.
O sono é
longo demais,
avança por
intermináveis dias
nada o
desperta,
permanece à
deriva.
Sequer a mímica alegre
da criança que
brinca
ao redor do
contêiner
enquanto a
sua mãe cata o sustento
e conta
histórias sem final feliz...
O louco ri sonoramente
e
regozija-se de sua inconsciência.
Fabiana
Rocha, 25/08/2021.
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