sexta-feira, 25 de maio de 2012

São Teus Olhos




O que ofusca os meus olhos,
são aqueles que temo refletir.
São eles que me despem,
a despeito de toda a veste.

Olhos que desnudam
tudo o que há em mim.
nada permanece velado,
nem carne rubra, nem alma rósea...

São olhos bem claros,
profundos e febris;
vejo-os por toda parte...
Não me deixam, não se vão.

Não se rogam
em seguir-me os passos,
em tirar-me a paz.
Invadem-me por bem querer.

Ah, eu sei que não podes ir...
Teus olhos claros desconhecem o caminho;
de tanto tempo já passado,
perderam-se o olhar nos meus.

Tampouco eu quero que te vás.
Se reclamo, nem sei bem a razão.
Reconheço-te como parte de mim!
Se reclamo, nem sei bem o por quê...

Fabiana Gusmão


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