Não cabe
no algoz sentimento.
Na exatidão,
não cabe o delito.
Não cabe
consolo no pranto
da mãe
que perdeu seu rebento.
Não cabe
sonhar o futuro.
Na memória,
não cabe a imagem.
Não cabe,
meu Deus, tanta dor...
Derrama
seu pranto no escuro
Não cabem
palavras vazias.
Ao fato,
não cabe o sentido.
Não cabe
tanta indiferença,
onde
falta hombridade, sobra o horror
Não cabe
defunto sem choro.
Na cova,
não cabe o papel.
Não cabe
nenhuma desculpa,
os anjos
merecem o céu.
Não cabe
na língua o discurso.
Na vida,
não cabe ser gente.
Não cabe
ser preto, ser pobre,
na Vila
que agora é mais triste
Não cabem
desaparecidos.
Ao corpo,
não cabe exalar.
Não cabe
a inocência sumida.
Pés descalços
por todo lugar.
..................................................................
Não cabe
nada!
Não cabe
ser racional!
Animalizemos
os atos, sejamos sensatos!
Roubemos
o terço!
Rezemos
a missa de corpo passado...
Presente?
Ausente...
Futuro
já não caberá!
Fabiana
Gusmão
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPerfeito, Faby!
ResponderExcluirNão cabe humildade em palavras tão belamente esculpidas.
Beijos.
Que poesia tocante! Você escreve muito bem!
ResponderExcluirBeijos!
Muito emocionante esse poema!Devido ao acontecido...o sentimento creio que seja realmente o que o poema narra.
ResponderExcluirEsse poema é um grito, um alerta. Parabéns!
ResponderExcluirEm tempos em que se tenta aprovar a redução da maioridade penal. Restam as poetisas como tu a nos orientar...lindo e forte!
Esse é dedicado a um menino de 9 anos de idade, desaparecido em dezembro de 2012, possivelmente assassinado por policiais... A mãe até hoje espera por uma notícia, ou quem sabe um corpo...
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