quarta-feira, 5 de maio de 2021

FOLHA SECA

 













Não me tomes por quem és,

folha seca,

não me valho do breve esquecimento.

Rogo aos céus

que o vento lhe carregue

como, enfim, carregou

meu pensamento.

Se agora és o junco na estrada deserta,

outrora foste semente

derramada em campos líricos:

o canto, o deleite, o louvor; 

o sonho, o encanto, o candor.

Não façamos da vossa saga

o martírio do anti-herói.

Toma o teu brado, o teu pranto

e a acidez que lhe corrói.

Não me tomes por quem és,

folha seca e esquecida ao vento.

Regalo de um solo nunca antes tocado,

agora estrada para qualquer um.


Fabiana Rocha, 05 de maio de 2021.


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