Não me tomes por quem és,
folha seca,
não me valho do breve esquecimento.
Rogo aos céus
que o vento lhe carregue
como, enfim, carregou
meu pensamento.
Se agora és o junco na estrada deserta,
outrora foste semente
derramada em campos líricos:
o canto, o deleite, o louvor;
o sonho, o encanto, o candor.
Não façamos da vossa saga
o martírio do anti-herói.
Toma o teu brado, o teu pranto
e a acidez que lhe corrói.
Não me tomes por quem és,
folha seca e esquecida ao vento.
Regalo de um solo nunca antes tocado,
agora estrada para qualquer um.
Fabiana Rocha, 05 de maio de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário