Só
por hoje
quero
cantar o meu lamento,
sem
eco, sem retorno,
só o
silêncio frio e atroz.
Só
por hoje
quero
escolher a solidão,
seu
pranto, sua lástima,
veneno
mortal.
Só
por hoje
quero
estar perdida entre dois caminhos,
escolhas
que me destes:
meu
mal, ou meu mal.
Só
por hoje
quero
arrancar da minha carne
a
chaga corrosiva
e
aplacar a minha dor.
Só
por hoje
quero
contemplar o vão entre nós.
Existe
um NÓS?
Ou
estou a sós?
Só
por hoje
quero
me perder no esquecimento,
na
conformidade do nada:
Nada
a fazer, nada a esperar.
Só
por hoje
quero
derramar estas lágrimas ácidas,
que
dilaceram a face por onde passam
e
morrem na língua, amarguradas.
Só
por hoje
quero
beber dessa tristeza
que
transborda em cálice
e
cala toda a esperança vã.
Só por
hoje...
Porque
amanhã,
Renasço
das cinzas,
Como
a Fênix mitológica,
Refaço-me
do que restou!
Fabiana
Gusmão